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“Por: Marônio Cedro Mira”

Antes de escrever algumas percepções que tenho acerca de determinadas relações político-sociais do Brasil, acredito ser pertinente transcrever parte de um discurso do ex-presidente Lula: “Eles (as classes dirigentes conservadoras) não conseguem suportar o fato de que, em 12 anos, um presidente que tem apenas o diploma primário colocou mais estudantes nas universidades do que eles em um século […] Pobre ir de avião começa a incomodar; fazer faculdade começa incomodar; tudo que é conquista social incomoda uma elite perversa” (discurso no sindicato dos bancários do ABC no dia 24 de julho de 2015: Jornal do Brasil online de 25/07/2015).

É fato que uma parcela das “classes” dirigentes conservadoras torce o nariz pelo pouco grau de escolaridade “sistematizado” do ex-presidente Lula, porém, grande parte dessa mesma elite, não importa se quem ocupa a presidência é pouco ou muito “letrado”. O que querem é a perpetuação  “clientelista” entre o público com o privado. Frente aos mapeamentos realizados pela operação lava-jato, muitos, mas muitos dessa “ELITE CONSEVADORA” conseguiram ampliar essa química nefasta da promiscuidade entre o Estado e os seus interesses pessoais nas últimas décadas. Como se vê, inúmeros representantes da “ELITE CAPITALISTA” continuaram, com a emergência da “ELITE OPERÁRIA”, estendendo os tentáculos das falcatruas, encontrando, em novos “protagonistas”, elos para dilatarem os clubes da corrupção. 

Sobre as conquistas “pessoais”, observa-se que ocorreram avanços, as quais possibilitaram desde compra de bens duráveis até viagens de avião. Isso, certamente, incomoda a muitos da “ELITE CONSERVDORA”.  Por outro lado, continuamos, em múltiplos casos, numa latente cidadania, haja vista que ocorreu e ocorre uma retroalimentação; isto é, parcela significativa de famílias que recebem auxílio, via programas “sociais”, contenta-se com o recebimento desses auxílios sem mudanças significativas no que tange ao binômio: dignidade humana e cidadania. Ao mesmo tempo, esses grupos ora elencados serviram e servem como multiplicadores de votos, tendo como lema a ampliação assistencialista. Se ninguém conscientiza ninguém por si só, também é fato que inexistem, por parte de muitos governantes, efetivos mecanismos para que possibilitem a conscientização de diversos seres “assistidos” ….

02 - Boi Valente

Perante o exposto, a questão não deve girar na órbita pragmática alienante entre “ELITE CONSERVADORA e ELITE OPERÁRIA”, mas sim vermos que parcelas significativas tanto daqueles como desses, de modo imediatista, servem e são servidas por políticos de “dereita e/ou isquerda” que moldam os seus discursos de acordo a oportunidade e recebem de volta as recompensas da perpetuação no poder sem pensarem em mudanças sistêmicas a longo prazo.  É por essas e outras que se fundiu a ELITE CONSERVADORA, que tem como representantes, Collor, Sarney e Maluf com uma “ELITE OPERÁRIA” que ascendeu ao poder e, de maneira nuclear, um percentual significativo dessa reproduziu as práticas do fisiologismo envolvendo o público com o privado que tanto combatiam. 

Diferente do que foi abordado até agora, há o Brasil que procura dar certo. Nessa Nação, sem a nefasta generalização, encontra membros da própria elite que trabalham de modo digno e querem licitações sem os tentáculos da corrupção, que os impostos pagos não sejam desviados por conta do fisiologismo da politicalha e, acrescido a isso, que a burocracia deixe de ser um fator de estagnação da sociedade.

Outro aspecto interessante de um Brasil digno diz respeito às pessoas que, por conta de programas “sociais”, ao invés de valorizarem a “humanização dos bens pessoais”, procuram a efetivação dos “bens sociais”, tais como: educação de qualidade e saúde digna. Em face disso, materializa-se a busca sistêmica do mínimo existencial para que se possa dilatar a cidadania emancipatória.

Frente ao exposto, percebe-se que a formação cidadã, em sentido amplo, não ocorre na maior parte da vida dos brasileiros, pois o que ainda impera são debates e práticas que beiram ou chegam ao ridículo da politicalha, sendo esses protagonizados por polarizações alienantes de grupos “heterohomogêneos. Por conta disso, surgem jogos fisiologistas das ELITES “DEREITISTAS e ISQUERDISTAS”  que têm inúmeras legiões de fantoches, criando, por meio disso, seus exércitos, os quais trazem como principais armas discursos “egocêntricos sociais personalistas”.