CRISE: SOMOS NÓS QUE A FAZEMOS OU ELA QUE NOS FAZ?
Na vida – aprendemos muito com a biologia e a psicologia – e com o sofrimento que vejo muitas pessoas enfrentarem de cabeça erguida. Assisti a uma palestra certa vez, por exemplo, com uma senhora que teve seus dois braços e mãos amputados quando criança num engenho de cana. E que mesmo assim aprendeu a escrever com os pés, casou, teve três filhos e os criou. E mais tarde – hoje – ganha a vida dando palestras pelo Brasil afora (escreveu até um livro). Outra vez, li sobre um rapaz, aqui do interior da Bahia que nasceu com o corpo completamente deformado. Quando criança, os vizinhos diziam para sua mãe não lhe dar comida para que morresse logo e acabasse com seu sofrimento. Pois a mãe o cuidou. E ele, com determinação, seguiu sua vida adiante. Aprendeu a se virar como pode: foi à escola, escreve com a caneta na boca. Se formou em curso superior. E também ganha a vida contando seu exemplo de superação pelo mundo afora (e quanto nos ensinam essas pessoas a tirar a “bunda” da cadeira e reagir!).
“Reaja, não se deixe abalar; pensamento positivo; coragem, força, determinação; faça você mesmo e não espere pelos outros; o futuro depende mais de você do que de qualquer outra coisa; o sucesso depende de você e de suas ações no presente; Deus ajuda a quem cedo madruga; faça diferente se quiser resultados melhores”.
Exemplos outros vejo todos os dias – ao vivo ou pelas redes sociais – de pessoas que tiveram algum transtorno grave de saúde – vítimas de violência ou de acidentes dos mais variados – e que perderam a visão, a audição, braços, pernas, a mobilidade. E que deram a volta por cima, buscaram novas atividades e motivações para a vida. E que seguem adiante, felizes e em busca de um sentido. O físico inglês paraplégico Stephen Hawking é um grande exemplo disso.
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Pergunto: diante dessas colocações, o que é uma simples crise econômica? devemos parar, não trabalhar mais, não estudar, não comprar, não investir? Ou, ao contrário, precisamos seguir adiante confiando? Se, de fato, eu acreditar que amanhã será pior, e deixar de fazer o que devo ou preciso fazer hoje, com certeza o amanhã será pior. Se na primeira dor de cabeça que me der eu resolver não sair da cama para ir ao trabalho, com certeza essa dor vai se aprofundar. E eu vou deixar de fazer um monte de coisas importantes para minha saúde física, mental, econômica e pessoal, não é verdade?
O melhor remédio para enfrentar uma crise é continuar trabalhando, inventar algo diferente do que já fazemos (sempre com os pés no chão – aliás, isso deve ser uma constante na vida de uma pessoa ou de uma organização responsável). O melhor remédio para sair de uma crise é cortar gastos desnecessários, maximizar a produtividade, usar a criatividade para faturar mais e melhor, inventar novos projetos e métodos de produção, buscar novos clientes e mercados, utilizar melhor o tempo. Aliás, para quem é inteligente, um momento de crise (pessoal ou conjuntural) é a hora certa para refletir, mudar hábitos e procedimentos, buscar mais, dar mais importância às pessoas e relacionamentos que realmente valem a pena.
Caso contrário, estaremos todos naquela masmorra e encruzilhada que o imortal Raul Seixas cantou, um dia, quando fez a música: “O dia que a terra parou”. Vocês lembram? “O advogado não saiu pra trabalhar, pois sabia que o cliente, também não tava lá… e o padre não saiu para rezar, pois sabia que o fiel, também não tava lá”… Crise gera crise. Marasmo gera marasmo. Paralisia, gera paralisia. Cruzar os braços e ficar reclamando, não vai resolver os meus e nem os nossos problemas. Não que isso signifique que devemos tapar o sol com a peneira e fazer de conta que não haja responsáveis pelas dificuldades que estamos passando (corrupção, aumento abusivos de preços, falta de investimentos em setores fundamentais, etc). E tampouco que devemos deixar de protestar, reclamar e cobrar dessas pessoas e autoridades melhores atitudes e ações para nos ajudar a sair dessa situação (isso, afinal, é também agir). Mas a crise, muito mais do que existe na realidade, somos nós que a fazemos, com nossas atitudes (passivas ou ativas). E que nos deixamos contaminar. Pensemos nisso. E vamos superar mais essa.