xIMAGEM_NOTICIA_5.jpg.pagespeed.ic.rChGxIz-RA

O apoio dado pelas igrejas do Brasil ao golpe militar de 1964 e, mais tarde, à consolidação da ditadura, terá destaque no relatório final da Comissão Nacional da Verdade – que será entregue à presidente Dilma Rousseff na quarta-feira (10). A informação é do coordenador do grupo de trabalho encarregado de analisar a questão religiosa naquele período, o cientista social Anivaldo Padilha. Em entrevista à reportagem do Estadão, ele observou que já existe grande quantidade de estudos e pesquisas sobre as perseguições sofridas pelas igrejas e a resistência de religiosos e leigos à ditadura. O colaboracionismo, porém, ainda teria sido pouco estudado. “Lideranças religiosas católicas e protestantes apoiaram o golpe e contribuíram em seguida para a legitimação e consolidação da ditadura”, afirmou. “Nós já sabíamos, desde o início, do papel importantíssimo que as igrejas tiveram, às vésperas do golpe, na disseminação da ideologia anticomunista, provocando medo e pânico em alguns setores da sociedade. Nesse sentido foram absolutamente responsáveis por criar o clima político que possibilitou o golpe. Agora, porém, obtivemos mais detalhes, chegamos a casos de padres e pastores que denunciaram membros de suas igrejas, fiéis e até colegas”. Segundo Padilha, o relatório da comissão terá nomes dos delatores. Ele não quis citar nenhum, afirmando que faz parte de um acordo com a coordenação-geral da Comissão Nacional, pelo qual as informações só poderão ser divulgadas após a entrega do relatório a Dilma. “Nós tivemos acesso a um documento que revela que um bispo e um pastor metodista se ofereceram para ser informantes da polícia”, contou. “Mas esse não foi um caso isolado. Aconteceu em outras igrejas”.