Parece que a  saúde pública no Brasil está chegando ao fundo do poço. Por enquanto, é  um caos completo. E, não é apenas porque lhe  faltam recursos, como,  recentemente, queixou-se   o ex-presidente Lula ao lembrar da extinção  da CPMF. Mas, principalmente,  por falta de uma gestão séria e competente à frente de todos os seus segmentos.

A extinção da CPMF não se deu por questões meramente política, como o ex-presidente Lula tem  procurado passar à população. Recentemente, ele disse que a oposição política  e os ricos cortaram a CPMF para vingar-se dele.  Lula é um demagogo.  A extinção da CPMF foi uma exigência da sociedade brasileira ao ver que o seu governo  estava desviando a  contribuição  que fora instituída exclusivamente para custear a saúde pública, para outras finalidades.  Portanto, se existem culpados pela extinção da CPMF, Lula é o principal deles. Além disso, essa contribuição foi criada para ter vigência efêmera.

Há dois ou três meses atrás, a Polícia Federal  descobriu que quadrilhas organizadas estavam atuando nos hospitais públicos do Rio de Janeiro para desviar recursos dessas instituições. Provavelmente, o mesmo pode estar ocorrendo nos hospitais públicos das  demais unidades da federação. Portanto, conduzida dessa forma, nem todo o orçamento da União será suficiente para  salvar a saúde pública, no Brasil.

Se, nas pequenas e grandes cidades, mesmo com algumas dificuldades os postos de saúde parecem cumprir o seu papel,  o mesmo não se pode dizer dos hospitais públicos que, cada vez mais,  têm demonstrado sua incapacidade para atender a população brasileira.

Nesses nosocômios, faltam  do medicamento mais simples a leitos para internamentos. E poucos são os hospitais que possuem  Unidades de Terapia Intensiva ou, até mesmo, centro cirúrgico aparelhado para operações de médio e grande porte.  Esses são os motivos óbvios por que  muitos pacientes  morrem sem receber o tratamento necessário e, pior ainda, por que muitos doentes voltam para casa sem conseguir, sequer, uma vaga para internar-se.

Nas grandes cidades, os hospitais públicos vivem abarrotados; nas médias cidades, raras são as que os possuem e, nas de pequeno porte, eles simplesmente não existem. Nessas condições, os doentes graves e pobres    que sobrevivem,  têm de se deslocar para onde os hospitais se  encontram, muitas vezes com sacrifícios enormes e, outras vezes,  com  despesas que não podem arcar.

Há algum tempo atrás, a falta de atendimento médico-hospitalar levou as comunidades de alguns pequenos  e médios municípios a  organizarem-se e a criarem   unidade hospitalar em suas cidades sedes. Foi, assim, em Itabuna com a Santa Casa, em Itapetinga com o Cristo Redentor e, também, em Itororó com o Hospital e Maternidade.

O  município de Itororó deve esse empreendimento ao ideal e a iniciativa de Dr. Sinval Palmeira e Dr. Alcebíades Cunha que, para executá-lo,  souberam mobilizar a sociedade local e as forças políticas em torno do projeto.

Mas, o tempo passou e a população do município cresceu, aumentando, assim, a procura do  atendimento médico hospitalar. Enquanto isso, por falta de médicos especializados e de aparelhos para detectar as doenças, o hospital tornou-se superado e impróprio para prestar um atendimento mínimo adequado, mesmo de urgência.

Por outro lado, sua receita, proporcionada exclusivamente pelo SUS, já não é suficiente para, sozinha, cobrir suas despesas. Se não é a ajuda da Prefeitura na alimentação dos pacientes internados e para alguns outros itens da administração,  provavelmente, o hospital já teria fechado suas portas.

Hoje, o hospital está inadimplente com a Receita Federal, o FGTS dos funcionários e os fornecedores. E, a permanecer como se encontra, não terá condições de saldar essas dívidas, nem com longo prazo. Portanto, para não fechar suas portas dentro de pouco tempo, não vejo  alternativa  à  direção do  Hospital e Maternidade de Itororó, o seu corpo médico e os seus funcionários, que não seja a de pedirem socorro ao município de Itororó, através de seu prefeito.

O que o município de Itororó pode fazer para salvar o hospital, não sei. Mas, para o momento, é o único que, ainda, pode fazer alguma coisa. E, fora dessa alternativa, vejo o hospital abatendo suas  colunas  em muito pouco tempo. Portanto, os que, hoje, estão a frente do hospital precisam decidir a fazer o que tem de ser feito, imediatamente. Não creio que haja mais tempo a perder.

Texto: Djalma Figueiredo