emilio_0O Brasil acordou triste. Perdeu o Doutor Emilio Sant’Anna. Melhor dizendo, perdemos uma das maiores vozes do samba nacional, conhecido popularmente como Emilio Santiago. O artista que estava internado desde o dia 7 de março no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) do Hospital Samaritano faleceu hoje por volta das 06 e 30 da manha, aos 66 anos. De acordo com a assessoria do hospital a morte se deu por conta de complicações decorrentes de um acidente vascular cerebral isquêmico (AVC).

Com mais de 35 anos de carreira, 30 discos lançados e 4 DVD´s, Emilio deixa um enorme acervo musical aos seus fãs. Ele será sempre lembrado pelo seu tom de voz grave e ao mesmo tempo suave, pelo seu amor a música romântica, pela MPB, pelo samba e principalmente pelo amor a música nativa, extremamente brasileira – esse amor ficou eternizado no projeto Aquarela Brasileira 1,2,3,4,5,6,7: uma sequencia de discos lançados de 1988 a 1993, dedicados exclusivamente ao repertório de música brasileira, esse projeto ultrapassou a marca de quatro milhões de cópias vendidas.

Formado em direito Faculdade Nacional de Direito na década de 1970, por insistência dos pais, ele abandonou a carreira de Advogado e galgou o seu espaço no cenário musical nacional chegando as finais de grandes festivais musicais e seus maiores sucessos foram as musicas “Saygon”, “Lembra de mim” e “Verdade chinesa”. Por ser negro e viver em um país que tem o racismo correndo pelas veias (e nega veemente isso), Emilio não esqueceu do seu povo e eternizou canções como “Kizomba, Festa da Raça”, “Liberdade! Liberdade! Abra As Asas Sobre Nós” e “100 Anos de Liberdade, Realidade Ou Ilusão”.

“Valeu Emilio, O grito forte dos Pretos, Que correu terras céus e mares
Influenciando a Abolição”. Sim Abolição, pois mesmo libertos da escravidão, os negos ainda são tratados com insignificância por uma classe (pequena, mas resistente ao tempo) de aristocratas que falam no fim do racismo, mas é quem mais o alimenta em pleno século XXI. Como Emilio cantava, podemos nos perguntar:

“Será, que já raiou a liberdade ou se foi tudo ilusão. Será que a lei Áurea, tão sonhada, a tanto tempo imaginada, Não foi o fim da escravidão? Hoje dentro da realidade, Onde está a liberdade? Onde está que ninguém viu”.

Por Alisson Aguiar