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Dentre as irregularidades investigadas pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal (PF), está a liberação de lotes de carne estragadas, contaminadas com bactérias e com utilização de produtos cancerígenos. A operação é a maior da história da PF e foi deflagrada na manhã desta sexta-feira, apurando irregularidades na fiscalização de frigoríficos.

Segundo a PF, cerca de 1.100 policiais federais estão cumprindo 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao esquema. Essa é a maior operação policial da história da PF.

No processo judicial, uma veterinária da Peccin Industrial Ltda – empresa envolvida nos casos investigados – relata a “utilização de carnes estragadas na composição de salsichas e linguiças, a ‘maquiagem’ de carnes estragadas com a substância cancerígena ácido ascórbico, carnes sem rotulagem e sem refrigeração”.

A Polícia Federal também interceptou conversa entre dois integrantes do Ministério da Agricultura falando sobre a transferência de uma fiscal que teria encontrado problemas de infecção com a bactéria salmonella em lote da empresa Rio Verde e tomava medidas para fechar essa unidade de produção.

Procurada pelo site de VEJA, a Peccin Agro Industrial informou que não vai se pronunciar nesse momento.

No caso da BRF, que controla marcas, como a Sadia e Perdigão, três executivos foram alvo de mandados e um deles  foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento na sede da PF, em Curitiba. Já na JBS, que engloba Friboi, Seara, Swift e outras marcas, dois executivos foram alvo de mandados, um deles de prisão preventiva. No âmbito do serviço público, 34 funcionários são investigados, sendo cerca de 20 deles alvo de prisão. Grillo conta que a investigação teve início em fevereiro ou março de 2015 depois que um fiscal do Ministério da Agricultura denunciou o esquema. Até o momento, a investigação aponta que parte da propina que circulava era destinada a membros do PMDB e PP. Maior operação já realizada pelo país, a Carne Fraca conta com 311 mandados judiciais e 195 equipes formadas pela PF para colaborar. A investigação aponta que o esquema no Paraná era comandado pelo ex-superintendente regional do Mapa, Daniel Gonçalves Filho, e pela chefe de Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), Maria do Rocio Nascimento. O atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio, também foi citado em meio a uma ligação interceptada com Gonçalves Filho, mas o juiz responsável pelo caso e o Ministério Público Federal (MPF) apontam que não há indícios de envolvimento criminoso no caso.