Embora abaixo de 50%, a chance das oposições políticas disputarem as  eleições municipais deste ano, em Itororó, com alguma  possibilidade de vitória,  vai depender da união dos partidos e dos grupos políticos de oposição em torno de  um só candidato a prefeito. Caso contrário, as forças governistas deverão reeleger o prefeito Adroaldo, com uma larga diferença de votos para o segundo colocado.

Se a união das oposições dependesse da vontade de alguns eleitores, pouco atentos às artimanhas políticas, ela já teria acontecido. Mas,  a palavra final sobre o assunto, cabe, exclusivamente, aos chefes políticos que não querem abrir  mão do direito de tomar o poder para si e para seu grupo.

Imaginem se o ex-prefeito Marco Brito que, abertamente, prega ser o maior líder político do município e estar em condições de vencer as próximas eleições, vai querer perder a chance de voltar ao poder municipal, novamente? Agora, imaginem se Edineu que, na última eleição à nível  nacional, com os votos dados aos seus  deputados, mostrou possuir o maior colégio eleitoral de oposição no município, vai ceder a oportunidade de conquistar o cargo de  prefeito ao seu rival que, uma vez no poder, vai virar-lhe as costas? Finalmente, imaginem se as novas forças políticas que estão tentando abrir algum espaço no município,  renunciarão suas ideias  para unirem-se aos políticos que, ostensivamente, vêm combatendo?

É óbvio que, nas próximas eleições, cada grupo político ou partido de oposição pretende derrotar o atual prefeito. Mas, quer fazê-lo para ficar com o poder e, não para cedê-lo ou dividi-lo com outro grupo.   Portanto, a principal razão para a disputa eleitoral de cada grupo não é a derrota do prefeito, mas a conquista da Prefeitura. E é neste simples detalhe  que residem as dificuldades para as oposições se unirem  em torno de um único candidato.

Quer ver como é difícil a união. Quem seria o candidato do grupo político do ex-prefeito Marco Brito? Não é  preciso pensar muito tempo para responder.  Com certeza, Marco indicaria seu próprio nome, e com bastante razão. Afinal, ele é o líder do grupo, o ex-prefeito do município, e o maior financiador da sua campanha eleitoral. E do grupo de  Edineu quem, por ventura,  seria? É evidente que o ex-prefeito  escolheria  o nome de sua esposa Rita, que, por sinal, já  vem sendo indicado aos amigos e correligionários por ele. E os novos  grupos políticos que estão querendo participar do pleito, quem indicariam? Provavelmente,  um nome bem aceito pela sociedade e sem vínculo político com qualquer um dos caciques políticos do município. Em princípio, estas são  as dificuldades que, hoje, as oposições têm para se unirem em torno de um só candidato.

Elas são as mesmas que as oposições políticas de outros municípios também enfrentam. Em Itapetinga, por exemplo, a história de Itororó se repete. As diversas correntes de oposição querem derrotar o atual prefeito do PT, mas cada uma  quer o poder para si e, por isso, não se entendem. Em Itabuna, as oposições também querem a derrota do prefeito do DEM. Mas, são incapazes de se unirem, porque cada grupo político  tem o seu próprio candidato a prefeito. E, assim, a mesma história vai passando de um  município para  outro, neste  imenso país.

Falou-se que os dois principais grupos de oposição fariam uma pesquisa de opinião pública para saber qual deles indicaria o candidato a prefeito. Ao grupo vencedor  caberia o lugar de  prefeito na chapa única e, ao grupo vencido, seria reservado a posição de vice-prefeito.  Agora, pergunto: o ex-prefeito Marco Brito aceitará realmente ser o vice da esposa de Edineu? E esta, por sua vez, também aceitará ser a candidata a vice na chapa de Marco Brito? Em política, é possível acreditar-se em muita coisa,  mas, nesta composição, é preciso ver para crer.

Fiquei sabendo por meio de fontes que não podem ser reveladas que, quando perguntaram a Rita se   ela aceitaria disputar a eleição como vice de Marco, ela  respondeu que seria candidata a prefeita do município de Itororó e a nada mais. Quanto à Marco Brito, a  sua  campanha política antecipada já dá uma demonstração de  que ele não está disputando prévias eleitorais, mas o cargo de prefeito do município que, por sinal, sem modéstia    ou qualquer respeito a Lei da ficha Limpa, já diz ser seu.

Nessas eleições, é impossível deixar de levar em conta que, além da  cadeira  de prefeito, também entra na disputa eleitoral  a vaidade, um pouco do  orgulho pessoal e, por último, a própria alta estima de cada candidato. Por isso, ficar em segundo lugar ou, melhor, disputar o cargo de vice-prefeito   é o mesmo que se ver, politicamente,  derrotado. Principalmente, quando se sabe que vice não manda, não governa e nem apita coisa  alguma. E, veja que, às vezes,  até fica sem receber o subsídio.

Conheci um grande político que dizia: “é melhor perder com honra e dignidade do que vencer humilhado.” A união de Marco e Edineu neste pleito, certamente vai deixar um dos dois líderes nessas condições. Por isso, se eles se unirem e forem vencedores do pleito, será uma vitória de Pirro para um deles. E é evidente que não será para aquele que ocupar a cadeira de prefeito do município.

Pirro foi um dos maiores generais da antiguidade. Mas, suas vitórias tinham um custo tão alto que, certa vez, ao ser cumprimentado por mais uma delas, acabou declarando: “mais uma vitória como esta e estou perdido.” Hoje, as vitórias de Pirro servem para simbolizar tudo aquilo que se consegue a custo bem mais alto do que as vantagens obtidas. Portanto, espero que a história de Pirro possa servir  de lição para os nossos queridos e espertos políticos de Itororó.

Texto: Djalma Figueiredo