COMUNIDADE DE ITAPETINGA E MICRORRREGIÃO VAI COBRAR DAS AUTORIDADES REVISÃO DO PROCESSO DE APROVAÇÃO DA BARRAGEM DO RIO CATOLÉ SEM OUVIR TODOS OS MUNICÍPIOS
Especialistas, lideranças de diversos segmentos sociais, estudantes, professores, políticos, imprensa e a comunidade em geral participaram ativamente da discussão realizada ontem à noite no plenário da Câmara de Vereadores de Itapetinga sobre o projeto de construção de uma barragem na cabeceira do Rio Catolé, em Barra do Choça, orçado em R$ 190 milhões, para abastecer as cidades de Vitória da Conquista, Tremedal e Belo campo, mas que poderá, no futuro, comprometer o abastecimento de água para Itapetinga, Caatiba e Itambé.
O encontro, promovido pela Coligação Novo Tempo para Itapetinga contou, na sua mesa solene, com o médico Arnaldo Texeira e o professor Geraldo Trindade representando a coligação, com o vice-reitor da UESB, professor José Luiz Rech, o presidente da OAB de Itapetinga, Fabrício Moreira Santos, a Profª Drª Patrícia Araújo de Abreu, professora da UESB, pastor Linderval de Assis Pinto, representando o segmento religioso, o ex-prefeito José Otávio Curvelo, o presidente do Conselho das Instituições de Itapetinga(CRI), Robert Araújo, e Jorge Ferreira Rodrigues (Jorge Pantera), membro do grupo ambientalista APAIRI.
O médico Arnaldo Texeira, como anfitrião do evento, agradeceu pela presença de todos, destacando a importância do envolvimento da comunidade, de modo geral, na discussão desse assunto, de grande relevância para Itapetinga e região. A primeira exposição técnica foi feita pelo professor Geraldo Trindade Júnior, zootecnista, mestre em meio ambiente, professor do Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais da UESB-Itapetinga, sobre o tema Barragem do Rio catolé – Dúvidas e Certezas.
A segunda exposição técnica, com o tema Possíveis Impactos Sócio-Ambientais com a Construção da Barragem do Rio Catolé, foi feita pela a Profª Drª Patrícia Araújo de Abreu, também do Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais, do curso de Ciências Biológicas, da UESB-Itapetinga. Tanto os especialistas como os demais expositores concordam que o processo para aprovação desse projeto foi conduzido de forma errada, já que nem todos os municípios que serão afetados pela construção da barragem foram ouvidos.
Itapetinga, onde 97% da população vive na zona urbana, é a cidade mais dependente do Rio Catolé, portanto, em caso de redução do volume de água (vazão do rio), a população será a mais afetada. No município de Caatiba, 47% dos habitantes, que residem na cidade, também sofrerão caso venha a diminuir a vazão do Catolé. Mas até hoje esses municípios não tomaram conhecimento dos estudos de impacto ambientais do projeto e se nesses estudos foram levadas em consideração as necessidades de todos que dependem do Rio Catolé para abastecimento de água da população e como suporte para o seu desenvolvimento econômico.
Os especialistas destacaram, ainda, que a existência de água em abundância é fundamental para o desenvolvimento econômico de uma região, além da sobrevivência da população. Todos também deixaram claro que cada município deve buscar solução para seus problemas, mas nem por isso tem o direito de expor os demais à mesma problemática que sofrem.
“O objetivo inicial da reunião, que era aprofundar a discussão sobre a construção dessa barragem, foi alcançado, mas teremos outras etapas e desafios pela frente, portanto conclamo a todos a seguirem com essa mobilização”, afirmou Dr. Arnaldo ao final da reunião.
Os principais encaminhamentos após essa primeira reunião serão: solicitar oficialmente a presença do responsável técnico pelo projeto, da Embasa de Salvador, para uma audiência pública em Itapetinga; mobilizar os vereadores para visita à Assembleia Legislativa do Estado e, se necessário, até a Câmara dos Deputados, em Brasília, visando conter o avanço do projeto até ser rediscutido com a comunidade afetada; lançar manifesto das entidades esclarecendo sobre os riscos da construção da barragem e convidando a população a se mobilizar em defesa dos municípios afetados; mobilizar lideranças desses municípios, com o mesmos objetivos, além de estudar iniciativas nas área jurídicas estadual e federal rever o processo de aprovação do projeto.