A AZALEIA E O ENFRENTAMENTO AOS PRODUTOS CHINESES
O Governo anunciou que o Ministério do Trabalho acatou a proposta de pagamento adicional de mais duas parcelas do seguro-desemprego para os demitidos da Azaleia/Vulcabras. Informou também que vai investir na requalificação dos profissionais para o reposicionamento em outras empresas. São notícias que dão alento para os mais de 4 mil trabalhadores das seis unidades fechadas recentemente pela empresa. No entanto,são medidas apenas mitigadoras, já que mais de 14 mil empregos continuam ameaçados em cidades do Sudoeste baiano.
O problema não para no fechamento das unidades de Caatiba,Firmino Alves, Itambé, Itapetinga, Itororó e Macarani. A empresa teve regaliaspara se instalar no Estado. Mas, apesar de todas as facilidades oferecidas peloGoverno, abrindo mão de impostos, a indústria de calçados enfrenta um inimigo poderoso: osprodutos que chegam da China, a preços absurdamente mais baixos que osproduzidos em terras brasileiras.
Não se trata de dumping(quando uma empresa reduz os preços demasiadamente para prejudicar outra),mas da disputa de mercado entre um País com uma produção baseada em umalegislação séria do ponto de vista ambiental e trabalhista, no caso o Brasil,contra uma produção mundialmente conhecida pela exploração da mão-de-obra e semregras claras de tributação, a China.
É importante para os trabalhadores as medidasanunciadas, mas o País precisa repensar urgentemente a questão das importaçõesde países asiáticos para evitar prejuízos aos brasileiros. Muito se fala dosEstados Unidos, onde as regras protecionistas acabam prejudicando a entrada deprodutos brasileiros, inclusive da agricultura. Apesar de defender o livre mercado,a Terra de Tio Sam tem normas rigorosas quando se trata de beneficiar suaprópria produção.
A presidenta Dilma já criou regras para evitar queos produtos chineses chegassem de forma descontrolada ao País. No entanto, hojeeles criaram outras estratégias e operam exportando seus produtos por portos deoutros países, como o próprio Taiwan, numa espécie de triangulação para burlara fiscalização.
Essas regras precisam ser mais rigorosas e é porisso que prefeituras, parlamentares, comércio, indústria e a sociedade civil demais de 15 municípios baianos estão pressionando para garantir a produção e oemprego. O que acontece hoje na região Sudoeste do Estado é um clima deinsegurança. São milhares de famílias que dependiam dos empregos da Azaleia eque estão se vendo amedrontadas pela possibilidade de fechamento da empresa.
O clima se estende ao próprio comércio das cidades,mantido, claro, pelo salário desses trabalhadores. O objetivo agora é garantira união dos diversos setores e buscar com o governo federal a criação de novasregras que garantam a sustentabilidade da empresa e da região.
Rosemberg Pinto é deputado estadual (PT-Ba)