Rodrigo Vieira Emereciano “Mução”

A operação da Polícia Federal contra pedofilia realizada nesta quinta-feira (28) em 11 estados e no Distrito Federal prendeu um humorista em Fortaleza. Fontes da PF informam que o humorista que foi preso é o radialista Rodrigo Vieira Emerenciano, conhecido como Mução (veja vídeo ao lado). No total, 18 pessoas foram presas na operação da Polícia Federal.

O radialista preso em Fortaleza comanda um programa de rádio de humor retransmitido no Nordeste há 15 anos. O programa é atualmente retransmitido em rádios de todo o país e é conhecido por aplicar pegadinhas por telefone.

Materiais de informática que estavam com ele, como notebook e tablet, foram apreendidos para perícia. Representantes do humorista não haviam se pronunciado oficialmente até a última atualização desta reportagem. Um dos representantes disse que divulgaria uma nota à tarde.

Prisões
Além do humorista detido no Ceará, outras prisões ocorreram no Rio Grande do Sul (duas em Porto Alegre, uma em Esteio e duas em Santa Maria), Minas Gerais (três prisões), Paraná (uma em Foz do Iguaçu), São Paulo (uma na capital), Rio de Janeiro (duas na capital), e Espírito Santo (uma na Grande Vitória).

A PF começou a monitorar a quadrilha há seis meses através de redes privadas de compartilhamento de arquivos. Os suspeitos atuavam no anomimato. Os arquivos compartilhados pela quadrilha continham cenas de adolescentes até 12 anos, crianças e bebês em contexto de abuso sexual. As fotos não eram vendidas, mas trocadas entre os usuários.

Segundo a Polícia Federal, 97 estrangeiros e 63 brasileiros participariam da rede de pedofilia, trocando material contendo cenas de sexo explícito com crianças e adolescentes. Em todo o Brasil, 49 pessoas foram identificadas.

Perícia
Segundo a PF, o humorista teve a prisão temporária decretada pela Justiça Federal em Pernambuco. “Ele fica preso por cinco dias, prorrogáveis por mais cinco, mas acredito que pela materialidade das provas, [a prisão] pode ser transformada em preventiva”, afirma a delegada da PF, Kilma Caminha.

A transferência ou não do suspeito para a sede do Recife depende da perícia que está sendo feita nos eletrônicos apreendidos com ele. “Se for constatado que há material pornográfico infantil ou adolescente, vai ser efetuado o flagrante e ele fica preso em Fortaleza”, acrescenta a delegada.

PF fez duas buscas no Recife, no antigo endereço residencial do suspeito, no bairro da Imbiribeira, e no comercial, no bairro de São José, além de buscas em dois locais em Fortaleza e um no Rio Grande do Norte. “A busca é uma complementação dessa arrecadação de provas, para que possamos ver se ele pode ser indiciado por outros crimes. Por hora, já temos comprovado que ele trocava essas imagens. Outros crimes estão sendo investigados”, explica a delegada da PF.

De acordo com Nilson Antunes, diretor regional de Combate ao Crime Organizado da PF, os dados obtidos ao longo das investigações já comprovam o envolvimento do suspeito. “Já temos provas robustas da participação dessa pessoa no cometimento desses crimes. São provas técnicas que não temos como materializar, análise de transmissão de dados, de material de informática”, afirma.

O suspeito teria se mudado para Fortaleza há pouco tempo, cerca de três meses. “Quando as investigações começaram, em dezembro, ele morava aqui no Recife. Identificamos residências dele em Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte”, afirma Antunes, que ressalta ainda a impossibilidade de dar mais detalhes sobre a operação. “Esse é um caso que corre em segredo de Justiça, todo cuidado é pouco”, diz o diretor regional. G1