A constante renovação das forças políticas dos pequenos e médios municípios brasileiros é fundamental para que essas forças mantenham-se sempre oxigenadas e em plena forma para lutarem pelas causas que interessam diretamente à população. É partindo desta premissa que entendemos que as velhas lideranças municipais, já desgastadas, cheias de vícios e, naturalmente, cansadas, devem abandonar o campo de batalha e partir para o descanso merecido.

Mesmo porque, para o surgimento de novas lideranças que possam ocupar o poder municipal, é necessário que as velhas abram o espaço de que as novas forças políticas precisam para se firmarem, no cenário local.

Esse movimento foi visto no município de Itororó, na eleição para prefeito de 2004, quando uma parte do grupo político, vindo do velho deputado Eujácio Simões, divergiu das velhas lideranças que o comandava, e decidiu que era o momento de renovar para dar outro rumo à política local. Para isto, lançou a candidatura de um político novo, inexperiente é verdade, mas, competente e, ainda, não impregnado pelos vícios da velha política.

A tentativa audaciosa acabou frustrada, infelizmente. Faltou-lhe o necessário apoio político dentro do próprio grupo, bem como a imprescindível adesão do eleitor à ideia de renovar para governar melhor. E, como um castigo, o grupo político não voltou a ganhar mais uma eleição e seu velho líder tornou-se inelegível.

Em Itororó, as velhas lideranças municipais conseguiram manter o poder político nas mãos por vinte anos consecutivos. Convenhamos que é muito tempo de concentração de poder. Agora, é preciso viver outra vez a ideia de construir lideranças novas que tragam ideias novas e uma forma diferente de governar o município.

Estamos observando que o mundo vem evoluindo com uma rapidez espantosa. Mas, enquanto isto, também observamos que as velhas lideranças permanecem arcaicas e estacionadas no mesmo tempo e lugar em que elas foram construídas. Para elas, nada mudou. Nem as ideias, nem a forma de fazer política. Chega a ser inacreditável, mas temos de admitir que muitas delas ainda não sabem sequer acionar um computador e acessar a internet, fonte de todas as informações que abastecem o mundo atual.

Sabemos que a mesma obsessão pelo poder político também está presente nas lideranças de outros municípios. Por exemplo: em Itapetinga, o líder político Michel Hagge, mesmo doente e envelhecido, ainda comanda sua facção política. Em Itarantim, o atual prefeito Gideon Matos que já foi prefeito outras vezes, atua na política municipal há mais de vinte anos. Em Itabuna, o ex-prefeito Fernando Gomes que administrou o município por três ou quatro vezes, já se apresentou para participar ativamente da próxima eleição. Em Ilhéus, o ex-prefeito Jabes Ribeiro que administrou o município alguns anos atrás, apresenta-se como futuro candidato a prefeito, nas próximas eleições. É assim, desse jeito que, ainda hoje, as velhas lideranças fazem política, apegadas aos cargos públicos e ao poder político de que não querem abdicar-se.

Vê-se que o fenômeno não é local, mas, mesmo assim, ele precisa ser combatido, porque é a principal causa do péssimo desenvolvimento econômico e social da maioria dos pequenos e médios municípios brasileiros, submetidos que são, a administrações incompetentes e, sobretudo, corruptas.

Está provado que, em política, o tempo é o padrasto de todos os vícios e de todas as mazelas que corrompem os homens públicos. De sorte que, à medida que eles vão envelhecendo no exercício da carreira política, também vão aprendendo a corromper e ser corrompidos, seduzidos que são pelo poder e pelo brilho do ouro fácil.

 

Por isso, para neutralizar esse desvio de conduta de nossos políticos, neste momento, estamos sugerindo a limitação de tempo para o exercício de qualquer cargo público eletivo. Por exemplo: nenhum político pode exercer mandato executivo, seja de prefeito, governador ou presidente, por mais de duas vezes. É evidente que a proibição não deve levar ao impedimento do político exercer os três diferentes cargos executivos, de forma alternada.

Mas, como um projeto de lei com essa finalidade jamais passará no Congresso Nacional, cabe a nós eleitores fazer com que, na prática, ele vire lei e passe a ter validade e eficácia. Para isto, basta derrotarmos nas eleições toda a velha liderança que insista em comandar ou concorrer ao processo eleitoral. Por esse meio, certamente conseguiremos aposentar compulsoriamente as velhas lideranças políticas e, consequentemente, renovar o quadro das forças políticas de nosso município.

E, nem é preciso pensar duas vezes, quanto a importância dessa atitude para o município. Basta apenas admitir que, com ela, estamos livrando a política local de políticos arcaicos, incompetentes e, muitas vezes, corruptos.

Para isto, ainda, vamos ter este ano, a ajuda da Lei da Ficha Limpa que, dentro de três ou quatro semanas, será julgada constitucional e posta em vigor pelo Supremo Tribunal Federal.

Esta lei, sozinha, deverá afastar da atividade política a maioria das velhas lideranças municipais que já exerceu o cargo de prefeito, ao enquadrar em alguns de seus artigos aqueles que, no exercício do mandato, praticaram irregularidades insanáveis, punidas com a inelegibilidade.

Texto: Djalma Figueiredo